No sábado, em Portimão, assistimos à estreia da grande novidade do ano. O MotoGP Sprint fez a sua entrada oficial no Campeonato do Mundo. Não se pode dizer que o show foi perdido, até as últimas curvas não estava claro quem venceria. Mas há sempre o reverso da medalha: ultrapassagens mais ousadas e manobras no limite (ou além) com consequências inevitáveis. Por exemplo, Enea Bastianini que se machucou, Fabio Quartararo forçado a se recuperar quase pelas costas, os outros que se machucaram sabem disso. Mas não são necessárias táticas, apenas o pulso e uma mistura de instinto e contagem cerebral. Você arrisca mais, isso é verdade, mas temos certeza de que é uma má ideia? E não é a fórmula certa para “rejuvenescer” o MotoGP?
Primeira lesão
Houve alguns episódios notáveis no GP de Sprint de Portugal. No primeiro caso tratou-se de uma ultrapassagem de Luca Marini sobre o seu colega de vermelho Enea Bastianini, que terminou no entanto com um acidente e fractura da escápula direita para o segundo. A alta direção da Ducati não vai sorrir muito com isso… Até porque implica quatro zeros, já que ele nem vai disputar o GP da Argentina. Outro episódio contou com Quartararo: a ultrapassagem de Garibaldi por Joan Mir (mais tarde caiu) obrigou-o a alargar. Juntamente com uma largada não exatamente ideal, significou uma recuperação quase do final do grid, o que não foi suficiente para chegar aos pontos. Houve também outros contactos, fruto de uma corrida mais frenética e portanto de um tempo reduzido para ser explorado da melhor forma possível, arriscando mais quando necessário.
MotoGP, alguns dizem que não
O porta-estandarte da Yamaha não quis ser muito controverso, mas confirma a primeira impressão. Não gostou da ideia do MotoGP Sprint na altura do anúncio e não gostou quando foi testado. “Torne-se uma selva! Por razões de segurança, talvez duas corridas de 25 voltas sejam melhores do que uma de 12″ ele declarou no final das rodadas de sábado. Nem mesmo Aleix Espargaró gostou muito da novidade deste MotoGP de 2023. Menos tempo disponível, aceleração total e tudo fica claramente mais frenético. Como referido no início, os riscos aumentam inevitavelmente e, consequentemente, a possibilidade de comprometer o início da temporada. Enea Bastianini é o primeiro exemplo nesse sentido. Mesmo que ainda estejamos falando de motocicletas, os riscos estão na ordem do dia e um acidente pode acontecer em qualquer circunstância, não apenas pela “velocidade” devido a um Sprint.
“Eu me diverti!”
No entanto, há quem se declare decididamente entusiasmado com esta novidade. Jack Miller é um exemplo, e não apenas por sua boa batalha como protagonista pela área do pódio. Uma corrida que trouxe sorrisos à casa da KTM/GASGAS. “Espero que os fãs tenham gostado tanto quanto nós!” declarou o australiano no final do dia. Maverick Vinales também gostou do sábado ‘inédito’ em Portimão. Para além do incidente que tem pela frente entre Marini e Bastianini, o #12 da Aprilia lançou-se à recuperação dos líderes, lutando também com o companheiro de garagem, antes de alcançar o grupo da frente. Brad Binder também se divertiu muito, apesar de sua condição física não exatamente perfeita.
Avanço na MotoGP
Você arrisca muitos outros ou apenas uma questão de adaptação? Além dos acidentes, há de fato o espetáculo pela frente a ser avaliado: aliás, um grande número de pilotos disputou as três etapas do pódio, entregando momentos memoráveis. Chega de esperar, administrar os pneus e a condição física, mas apenas atacar sem se poupar. Assim o fez o feroz Jack Miller durante boa parte da corrida, ou como demonstrou a dupla ultrapassagem de Marc Márquez sobre Miguel Oliveira e sobre o porta-estandarte da KTM, que valeu ao autor da pole position o terceiro lugar. Duas faces de uma experiência para atrair mais espectadores ao MotoGP. Quem sabe o que os fãs pensam, como todas as notícias, haverá opiniões a favor e contra. Uma corrida provavelmente é muito pouco para dar um julgamento real, mas é certo que o show não foi perdido.
Foto: Valter Magatti