A temporada de MotoGP de 2022 não correu exatamente como a KTM esperava. No entanto, duas vitórias em GPs na súmula, obtidas com o “rei do molhado” Miguel Oliveira, e outros três pódios, chegaram com o confirmado Brad Binder. Mas este último terminou na 6ª posição do campeonato mundial, enquanto os portugueses completaram os dez primeiros. Isso ocorre porque nenhum deles conseguiu se manter consistentemente alto na corrida. O que estava faltando? A resposta vem de Pit Beirer, que voltou a sublinhar a questão da perda de concessões. Declarações que se tornam também uma espécie de alerta para a Aprilia, que em 2023 viverá a sua primeira época sem esta condição favorável.
KTM em evolução
Face aos excelentes resultados obtidos em 2020, a KTM tinha-se alinhado com a Ducati, Yamaha, Honda e a falecida Suzuki, perdendo a sua ‘posição favorável’ no MotoGP. Ou seja, menos motores para a temporada (7 em vez de 9), desenvolvimento não mais livre, máximo de 3 curingas possíveis com o próprio testador (eram duplos com concessões), testes reduzidos e agora só possíveis com o testador. Não só 2021, mas também 2022 para a marca austríaca mostra como esta etapa não tem sido indolor, facto também destacado pelo diretor da KTM Motorsports. “A perda de concessões é subestimada” de fato, disse Beirer no dia da apresentação da equipe. “Os pilotos oficiais já não competem em testes privados, mas experimentam os novos produtos apenas durante os GPs, portanto às sextas-feiras de manhã. Nos anos anteriores, trouxemos algo como seis/sete chassis durante a temporada, mas em 2022 trouxemos apenas um novo para Valência, depois de muitos testes com Dani e a equipe de testes”. Detalhes que evidenciam uma inevitável mudança de método na nova situação, com repercussões, porém, também na temporada 2022.
Curinga valioso
Mas o que foi dito também explica por que um piloto de testes na corrida se torna ainda mais importante para a KTM. Dani Pedrosa vai disputar o próximo GP da Espanha, um retorno às corridas após seu único wild card no GP da Estíria de 2021. Pit Beirer, além de elogiar amplamente tanto ele quanto Mika Kallio pelo comprometimento com o projeto MotoGP, não escondeu seu satisfação pelo sim do seu testador espanhol. “Ele tem uma personalidade forte e você não pode forçá-lo, então estamos muito felizes” ele realmente declarou. “Dados os limites de pneus nos testes, o pouco tempo disponível na pista e o asfalto com pouca borracha, o teste perfeito e com certeza um fim de semana de corrida. Portanto, ter Dani e a equipe de teste em ação com os outros pilotos para coletar mais dados para o desenvolvimento me deixa emocionado. Mas não só. “Também olho nas entrelinhas: ele não faria um wild card se a moto não fosse competitiva, então… espero que seja um bom sinal!” Além de reiterar as metas sazonais: “Em 2022 queríamos lutar constantemente pelo pódio. Começámos bem, voltámos a ficar fortes no final do ano, mas não conseguimos fazer o suficiente pelo meio.”
Aprilia vem KTM?
As palavras de Pit Beirer dirigem-se indirectamente à marca de Noale, que acaba de encerrar uma época histórica no MotoGP. A primeira vitória, a primeira pole position, muitos mais pódios, um piloto entre os 3 primeiros durante boa parte do campeonato. No entanto, resultados que levaram à perda das referidas concessões para a nova época mundial. Não mais desenvolvimento e testes ilimitados, motores reduzidos, enfim, até a Aprilia está alinhada com os outros fabricantes de MotoGP. Era o objetivo da marca veneziana, mas temos certeza de que não haverá repercussão? Conforme mencionado, a KTM passou por um período de “ajuste” após a perda das concessões. A Aprilia vai aumentar as RS-GPs em pista com a nova equipa satélite RNF, certamente uma ajuda extra, mas resta saber se será suficiente para manter o nível alcançado ou se haverá dificuldades, como aconteceu com a KTM.
Foto: Philip Platzer/KTM Images