Com a Honda FCC TSR saindo de cena no meio da noite do Bol d’Or (leia aqui), a Yamaha Yart tem o Campeonato Mundial de Endurance servido em uma bandeja de prata. Mas para ganhar pontos úteis para ultrapassagens na classificação, a equipe perseguidora deve absolutamente cruzar a linha de chegada. Em termos de desempenho não há problema: Niccolò Canepa, Marvin Fritz e Karel Hanika controlam facilmente a segunda posição, uma colocação mais que suficiente. Mas logo pela manhã surgiu um problema técnico que poderá pôr em causa a fiabilidade e colocar a YZF-R1 em risco de se aposentar, depois de ter rodado muito rápido e com a precisão de um relógio suíço durante 16 horas. Aqui está o que está acontecendo.
Carga excepcional do motor
Talvez devido a detritos jogados por outra moto durante a corrida, o radiador principal esteja com uma pequena rachadura e vazando água. Assim, a partir das oito da manhã, quando ainda faltavam sete horas, a temperatura do motor subiu para níveis de alerta. Em Le Castellet o R1 de quatro cilindros em linha é submetido a cargas excepcionais, nomeadamente devido aos 1800 metros da recta Mistral, onde a Yamaha em configuração endurance atinge os 330 km/h, permanecendo na abertura máxima do acelerador de combustível por segundos intermináveis. Tudo isso pelas cerca de 600 voltas que a equipe completou desde o início do Bol d’Or, ou seja, há vinte horas, no momento da publicação desta matéria.
Solução empírica
A substituição não é possível, pois a equipe avaliou que seria necessário um tempo de pit stop que prejudicasse a colocação, impossibilitando a conquista dos pontos necessários para a ultrapassagem do Honda FCC TSR. Portanto, o remédio encontrado foi mais empírico: parar com mais frequência e abastecer com água, como se fazia décadas atrás em carros pequenos com água fervente em passagens de montanha. Além disso, todos os parâmetros eletrônicos possíveis foram alterados para reduzir as rotações. Desta forma, o estresse mecânico do motor que já sofre com o inevitável aquecimento é reduzido. A situação é muito difícil, a tensão na garagem é altíssima. Considere que além de administrar o problema, a Yamaha também está gerenciando todos os outros fatores para se manter sob controle no Endurance. Sem falar no estresse e cansaço dos pilotos que estão em jogo desde as 15h de sábado. Correndo em um ritmo alucinante, com a tensão do Campeonato Mundial na ponta dos dedos.
Gestão de problemas é… normalidade
Massimo Neri já havia antecipado isso na véspera, na história recolhida por Corsedimoto. “No Endurance é impossível correr 24 horas sem problemas. Resolver dois ou três problemas técnicos é normal mesmo para equipas oficiais como a nossa” o engenheiro eletrônico da Yamaha explicou. “A vitória está ligada à capacidade de resolver as dificuldades que surgem da forma mais rápida e eficaz.” Massimo foi um profeta fácil. De agora até às 15h será uma via crucis, transbordando de pathos. Este também é o Bol d’Or: bem-vindos ao planeta Endurance, senhores.
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