De regresso após dois anos de paragem devido à emergência pandémica, a 54.ª edição do Grande Prémio de Motos de Macau causou polémica. Pela adesão de apenas 15 pilotos, pela ausência de todos grande de corridas de estrada. Um montante fixo motivado pela impossibilidade de se submeterem à quarentena semanal imposta pelas autoridades locais. A isto juntaram-se debates acalorados sobre o nível dos titulares e sobre uma organização que por vezes pode ser revista, mas o que é certo no Monte Guia não faltaram histórias para contar. Na única prova disputada, o regresso das duas rodas foi celebrado numa das provas mais icónicas (e contextualmente perigosas) do mundo, coroando Erno Kostamo como vencedor. A única história dofinlandês voador” é um daqueles que embelezam o evento. Contextualmente, referindo-se às objeções do remetente sobre o valor efetivo desta edição.
O SUCESSO DE ERNO KOSTAMO EM MACAU
Como se costuma dizer, os ausentes, por mais que sejam amplamente justificados, “eles estão sempre errados“. Não é culpa do próprio Erno Kostamo se no “Las Vegas de Cina” a comparação com Hickman, Rutter e companhia foi perdida. Certamente precisamos legitimar, com elementos objetivos, o valor da declaração de Kostamo. O motociclista finlandês alcançou a vitória após ter se destacado em todas as sessões de treinos. No topo nos treinos livres de quinta-feira, na primeira e segunda qualificação de sexta-feira, nos dois Warm Ups e, claro, na corrida. Além disso, ao registrar a sua nas decisivas 8 voltas melhor volta absoluto em Macau, quebrando a barreira dos 2’28”. Esta é sua terceira participação após as visitas anteriores em 2018 e 2019, domando o BMW S 1000 RR nº 38 com calçados Pirelli da equipe Penz13 de Rico Penzkofer no seu melhor. Com muitos ausentes, mas ainda a partir do sétimo contra-relógio assinado na qualificação em 2019. Um precedente digno de nota, por uma das suas melhores voltas retocadas apesar de há mais de 1000 dias as motas não dispararem pelas ruas da cidade da ex-portuguesa colônia.
VITÓRIA FABULOSA
Kostamo era inquestionavelmente o favorito previsto do evento. Pela sua terceira linha em 2019, pela experiência adquirida em Macau e nas corridas de estrada, o IRRC em primeiro lugar. Uma previsão totalmente respeitada, com a abordagem de Erno que tornou tudo isso possível. Nas provas retomou as suas medições com o Circuito da Guia num crescendo contínuo, colocando também numa série variada de “grandes” na esquina da Curva do Hotel Lisboa, um dos poucos pontos por onde se pode passar em Macau. Na única corrida assumiu a liderança na terceira volta, mudando de ritmo logo em seguida. Forçando o ritmo, não sem perder um louco restolho em R Bend, seguido por seu 2’27″493, que lhe rendeu uma fuga solo para a vitória.
DO SONHO DA MOTOCICLETA ÀS CORRIDAS DE ESTRADA
Erno Kostamo inscreveu assim o seu nome num quadro de honra que inclui nomes lendários do motociclismo. De Kevin Schwantz (vencedor em 1988) a Carl Fogarty (triunfante em 1992), passando pelos 6 sucessos de Ron Haslam, as 9 afirmações recordes de Michael Rutter, sem esquecer Steve Hislop, Chas Mortimer, Steve Hislop, John McGuinness e Peter Hickman . Em suma, encontra-se em boa (excelente) companhia, coroando uma carreira que jamais pensaria seguir neste rumo. Há quinze anos, ainda muito jovem, chegou a defender as cores da (companheira) equipa Ajo no CEV 125, disputando também o Campeonato da Europa em ronda única em Albacete. Sem grandes resultados e, por último, mas não menos dinheiro, praticamente logo teve que abandonar o sonho do MotoGP. E corridas, em geral.
CARREIRA EM CORRIDAS DE ESTRADA
Para continuar, ele assim se reinventou “piloto de estrada“. Começando com um perfil baixo, encontrando com resultados convincentes no IRRC a possibilidade de enfrentar eventos internacionais. Incluindo Macau. A estreia em 2018, o crescimento de 2019 com destaque para aquele sétimo contra-relógio. Na corrida nem tudo foram rosas e flores. Pelo contrário: na queda na segunda largada, o próprio Erno levou a pior. Seguiu-se uma lesão grave e uma parada prolongada, agora deixada para trás.
FLYING FINNS TAMBÉM EM MACAU
Uma boa vingança para Erno Kostamo que, com esta afirmação, faz parte da elite dos motociclistas finlandeses que se firmaram no motociclismo. Além disso, apenas alguns dias após a vitória de Niki Tuuli com MV Agusta no Campeonato Mundial de Supersport em Mandalika, em 2022, Mika Kallio decidiu desligar definitivamente o capacete do papel de testador da KTM MotoGP. Uma tradição dofinlandês voador” começou com o inesquecível e inesquecível Jarno Saarinen, continuou no offroad graças a Tommi Ahvala, Juha Salminen, Mika Ahola, Eero Remes e muitos outros. Em velocidade também inclui Eero Hyvarinen, o último finlandês a correr em Macau e subir ao pódio em 1985, terminando em terceiro no agregado das duas mangas atrás dos (incapturáveis) duelistas Ron Haslam e Didier De Radigues com a referência Honda RS 500 . Parecia um pódio irrepetível para a Finlândia, pelo menos até o “fábula” de Erno Kostamo…