Os entusiastas do Superbike discutem sem parar sobre o regulamento técnico. Limiter, concessões, pesos limite e preço da bicicleta de estrada mantêm a cena, especialmente após o início relâmpago da Ducati que, como atual campeã mundial, começou com ainda mais força abrindo uma brecha na abertura na Austrália. Obviamente, esses são fatores importantes, mas há outro que é pouco falado e tem um impacto ainda mais significativo no resultado: os pneus. A Panigale V4 R evolution ’23 é uma nave espacial, não parece ter nenhuma fraqueza. Velocidade máxima, aceleração e manuseio em Phillip Island permitiram que Álvaro Bautista e Michael Rinaldi corressem sozinhos. Os Reds “satélite” também foram muito rápidos, com Axel Bassani e Phillip Oettl caindo por um fio de cabelo das posições do pódio.
Goma dura, goma mórbida
Para evitar problemas de falha estrutural em uma pista que consome pneus devido às duas curvas muito rápidas à esquerda, a Pirelli limitou a alocação a apenas duas opções, ambas SC1. Ou seja, cascas e misturas de carcaças muito duras. Na corrida-2 todos os protagonistas começaram exatamente com a mesma solução, mas as Ducatis se saíram bem como um todo, enquanto os quatro competidores, mais ou menos, sofreram as dores do inferno. Jonathan Rea e Toprak Razgtalioglu em Phillip Island sempre foram muito rápidos, desta vez saíram do radar. No molhado, por outro lado, eles jogavam. Rea poderia ter vencido sem o grave problema com o blipper do desviador eletrônico, Toprak terminou em terceiro, limitando os danos. O turco também terminou no pódio na Superpole Race, única corrida onde foi possível usar o SC0, ou seja, o pneu médio.
Goma dura de Aquiles Tallone
O comentário de Marcus Bongers, diretor técnico da BMW afundada foi lacônico: “Também nos saímos mal porque a seleção de pneus foi limitada”. Simplificando, significava que as soluções disponíveis não funcionavam bem no M1000RR. A vantagem da Ducati, e de Alvaro Bautista em particular, é poder ir bem com todas as soluções. No ano passado, o campeão mundial fez a diferença ao explorar melhor do que ninguém o SCX, que nasceu para a corrida de velocidade, mas agora se tornou suave. Isso porque as equipes, trabalhando essencialmente em calibrações eletrônicas, conseguiram explorá-lo para que resista mesmo em distâncias duplas, proporcionando aderência extra em relação ao SC0 (médio). A Ducati evidentemente se adaptou ao fator pneu melhor e mais rápido que as outras. Em Phillip Island a alocação foi orientada para o “hard-hard”, mas a supremacia vermelha manteve-se assim, enquanto Yamaha, Kawasaki e Honda foram apanhadas no contra-ataque. Sem falar na BMW…
Indonésia: por que Toprak e Rea têm esperança
No próximo fim de semana em Mandalika a alocação será radicalmente diferente, virando decididamente para os macios. De fato, tanto o SC0 quanto o SCX-A (especificação B0800) estarão novamente disponíveis para a traseira, enquanto o SCQ, a borracha supermacia de qualificação, também poderá ser usado para a Superpole Race. Na pista da Indonésia, com as mesmas soluções, Toprak fez um hat-trick em novembro passado. Assim, espera poder se repetir, derrubando a inércia da etapa inicial. Temos poucas dúvidas de que a Yamaha voltará a ser competitiva. A situação de Jonathan Rea é mais delicada: a Kawasaki garante que trabalhou muito na pré-temporada nas calibrações eletrônicas com soluções de borracha macia, com excelentes resultados. A pista dirá se a diferença da Ducati foi compensada.
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