Depois da conferência de imprensa em que foi anunciada a renovação de Álvaro Bautista para 2024, chegaram notícias negativas para a Ducati. De fato, a FIM e a Dorna formalizaram o corte de 250 rpm para o Panigale V4 R a partir da rodada de Barcelona marcada para este fim de semana. Uma medida tomada após a análise das performances nas três primeiras rodadas do calendário de Superbike de 2023.
A moto bolonhesa vai assim para as 15.850 rpm, um segundo corte depois do já recebido no início de 2019 quando Bautista dominou a sua estreia nas SBK na vermelha. O comunicado de imprensa especifica ainda que a Kawasaki optou por utilizar 5 pontos de concessão para beneficiar de 250 rpm adicionais, subindo assim para 14.850. Tudo inalterado em relação às outras casas.
Superbike, raiva da Ducati: fala Marco Barnabò
Obviamente, a Ducati não aceitou bem a decisão da FIM e da Dorna. Não há descontentamento apenas na equipe de fábrica da Aruba Racing, mesmo nas independentes. Por exemplo, a equipe Barni Spark Racing, que decidiu assumir uma posição oficial.
O chefe da equipe, Marco Barnabò, falou no Circuito de Barcelona-Catalunha, desabafando após a medida adotada: “Para uma equipa privada é difícil tentar manter-se ao nível dos oficiais. Quando acontecem essas mudanças regulatórias em curso, me faz pensar que não vale a pena fazer todos os investimentos que fazemos para tentar obter resultados. E se te tiram 250 voltas porque o Bautista ganha três corridas seguidas, com a Kawasaki que em vez disso ganhou durante seis anos sem que nada acontecesse… Encontro-me com um piloto que já não tem vantagem, porque está entre o mais pesado do grupo, e com 250 rpm a menos“.
Equipas privadas penalizadas e a situação no Supersport
Barnabò acredita que não é correto penalizar também os pilotos de formações independentes: “Não é que haja apenas Ducatis à frente. Tem o Bautista, depois tem a Yamaha e os outros. Ele está a ganhar, porque tens de penalizar todos os que correm com esta marca sem distinção? Por falar em distinções, a equipa privada despacha 250 quilos a menos em caixas do que a oficial. Ou fazemos com que sejamos todos sempre iguais ou não é justo que só tenhamos azar e não as vantagens“.
O dirigente italiano refere ainda o caso do Supersport, outra categoria em que está presente e onde ao nível das regras existem situações que não lhe agradam muito: “Em 2022 a Ducati venceu uma corrida, não o campeonato. Chegamos este ano, ganhamos duas corridas e o regulamento prevê um ajuste depois das três, ao invés disso eles fizeram depois das duas e nos penalizaram aí também. Não entendo… Não dá para ganhar com a Ducati? Um piloto com a Ducati não pode vencer? Não é que todos tenham vencido e haja uma supremacia. E você não pode me colocar no nível da equipe de fábrica“.
Barnabó zangado com Dorna e FIM
O chefe da Barni Spark Racing Team destaca outro aspecto importante do ponto de vista técnico e econômico: “Trabalhamos com patrocinadores técnicos para melhorar o desempenho. Mas se você os melhora e depois o penaliza, esses patrocinadores se perguntam por que eles precisam fazer algo novo se essas coisas acontecem. Existe o risco de desinteresse e você pode até perder patrocinadores. Se alguém trabalha e se sai bem, ele é penalizado aqui. Então podemos pegar um motorista pagante, então se você chegar primeiro ou último, amém. Torna-se inútil fazer investimentos. Jamais acontecerá de um time privado vencer alguma coisa, como talvez tenha acontecido há dez anos“.
Está também em discussão o momento em que foi comunicado o corte de rotações do motor da Panigale V4 R: “Você pode me dizer na quinta-feira de manhã? Vim aqui testar e gastei 13.000 euros numa bicicleta. Agora estamos fora com as voltas. Gastamos 5.000 euros por piloto apenas em pista. O que estamos fazendo? Agora eles acordam e decidem penalizar. Não há respeito pelos trabalhadores se você denunciar na quinta-feira de manhã. Custa milhões para fazer este campeonato“.
Barnabò tem certeza: Bautista vencerá de qualquer maneira
Barnabò não tem dúvidas de que Bautista está a vencer com mérito o Mundial de Superbike, não é só uma questão de moto e/ou peso: “O Alvaro venceu porque ele é bom, não porque a moto anda mais rápido. Não podemos penalizar alguém por ser bom“.
Em sua opinião, não haverá mudanças particulares para Bautista e apenas as equipes independentes serão as mais prejudicadas com a decisão oficializada ontem: “Nunca nos devolveram as 250 voltas de 2019 e entretanto não ganhámos. Bautista só venceu no ano passado. Por que a Ducati fez a moto que gira nas originais 16.200 e 16.400 na pista, se agora tem 15.850 rotações? Aqui a gente trabalha muito e gasta até para achar um décimo, mas depois talvez tirem dois. Isso não muda para Bautista, agora ele vai vencer as três corridas do fim de semana de qualquer maneira. Dorna lava as mãos, porque de qualquer forma ela diz que fez algo para limitá-lo. Ele vai ganhar de qualquer maneira, mas iremos ainda mais longe“.
Foto: Barni Spark Racing Team