Era inevitável que a sofisticação aerodinâmica do MotoGP também se espalhasse para as Superbike. A BMW, embora não esteja envolvida na classe superior, adicionou dois grandes apêndices nas laterais do nariz do M1000RR testado por Scott Redding nos testes de Jerez. A solução foi especialmente pensada para dar maior carga ao eixo dianteiro, além de melhorar o coeficiente aerodinâmico de penetração (CX) em favor da velocidade máxima. É por isso que o piloto britânico também rodou durante muito tempo na Andaluzia no molhado (56 voltas!), condições que permitiram uma primeira e importante verificação dos efeitos na frente. Com pista (quase) seca, no segundo dia Redding fez 1m40s104s, dois décimos mais lento que a Kawasaki de Jonathan Rea. Obviamente não são respostas confiáveis, pois as duas equipes tinham objetivos diferentes. O hexacampeão mundial também só esteve em pista meio dia dos dois disponíveis.
Nova homologação
A BMW disse que a mudança de perfil na bicicleta de estrada resultou em um aumento de velocidade máxima de 8 km/h. A M1000RR de estrada pode agora ir até aos 314 km/h, pelo que é plausível que na versão Superbike o valor possa ser muito superior. Afinal, potência e velocidade não faltaram na BMW mesmo com as versões anteriores. Uma mudança tão radical no perfil exigiu uma nova homologação, pois carenagem e carenagem são componentes sujeitos a estritas restrições. Na prática, devem ter o mesmo desenho e medidas da versão rodoviária, exceto por pequenas porcentagens de variação permitidas pelo regulamento. Para homologar um novo modelo, ou mesmo uma simples evolução, como neste caso, é preciso produzir pelo menos 500 unidades em dois anos. Para os números da BMW não há o menor problema…
Bodes expiatórios
No Mundial de Superbike, a BMW Motorrad é um dos fabricantes mais movimentados. Mas desde 2019, ou seja, desde o seu regresso oficial, os orçamentos disponíveis têm sido estelares mas com resultados muito abaixo das expectativas: a única vitória continua a ser a de Michael van der Mark no molhado de Portimão, em 2021. A ligação entre o departamento interno da BMW, dirigido pelo holandês Marc Bonger, e a estrutura britânica SMR (Shaun Muir Racing) até agora não funcionou como deveria, com um rebote de responsabilidades mútuas então descarregadas nos pilotos. Tom Sykes, que também havia somado seis pódios em três temporadas, provando ser quase sempre muito rápido, pelo menos na volta voadora, acabou se tornando o bode expiatório. A chegada de Scott Redding não mudou o quadro: houve problemas e os problemas permaneceram…
Super concessões
Além da nova aerodinâmica, a BMW em 2023 também terá a vantagem de “superconcessioni”. Significa ter a possibilidade de recorrer a uma série de componentes da evolução do chassis, para corrigir eventuais problemas insolúveis por constrangimentos de homologação. A BMW já tinha as concessões de desenvolvimento do motor, com esta nova ajuda a M1000RR torna-se praticamente um… protótipo. Scott Redding espera que seja o suficiente.
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