Riccardo Moretti era um campeão quando triunfou no Campeonato Italiano de Velocidade mas é ainda mais hoje. Ele sempre teve uma força extraordinária, superou mil dificuldades e nos últimos dez dias também teve que lutar contra o desastre natural que atingiu a Romagna. Sua cidade, Sant’Agata sul Santerno, é talvez a que sofreu os maiores danos. Riccardo Moretti teve sua casa inundada, mas, apesar disso, foi ajudar aqueles que estavam ainda mais em dificuldade. Para ajudar seus companheiros de aldeia, ele perdeu seu carro, uma das poucas coisas que conseguiu preservar. Porém, ele não desistiu, pulou em um bote e foi ajudar o povo com um barco. Esses gestos valem mais que uma vitória na Copa do Mundo.
“O rio anexou meu país, tínhamos água muito alta – diz Riccardo Moretti a Corsedimoto – Tudo o que ainda pode ser encontrado é obviamente para ser jogado fora. Eu tinha salvado um dos meus carros, tinha colocado no ponto mais alto da cidade, mas depois usei para ajudar pessoas que não podiam sair de helicóptero. Vadeando por uma rua com água muito alta, meu carro parou e continuei com o bote de borracha. Sou socorrista da Federação Motonáutica e tenho todo o vestuário, todo o equipamento por isso procurei dar uma ajuda aos Bombeiros que precisavam. Nos primeiros três dias não pude fazer nada em casa porque havia muita água então tentei ajudar. Em pequenas aldeias é natural ajudar uns aos outros. Infelizmente meus amigos estão todos na mesma situação. Felizmente muitos voluntários vieram à minha casa para ajudar: de Modena, Bolonha, Rimini…”.
Como em um filme: cenas apocalípticas
“Tivemos um mau momento na primeira noite. Eu tinha me preparado bastante com a roupa de neoprene, os equipamentos, os coletes salva-vidas porque tinha visto o rio bem cheio. Não dormi, estava no corredor e quando ouvi um estrondo e vi o primeiro carro entrando nos prédios, desci. Eu tinha um tanque de mergulho carregado que já havia preparado, então consegui barricar a porta mais exposta à corrente e salvei o primeiro andar. Arrumei uma sacola de mantimentos e subi. Foram dois dias típicos de cinema apocalipse agora com helicópteros atacando as pessoas, quase parecia uma guerra. Depois de dois dias, quando havia cerca de 80 centímetros – um metro de água, pudemos sair e nos mover no bote. Depois fui também a Lugo e a outras cidades com amigos. Agora tá todo mundo em casa tentando consertar o que pode“.
A esperança
“Fiquei impressionado com os muitos jovens voluntários, há uma nova geração fantástica. Muitos caras vieram trabalhar para mim e se não fosse por eles não poderíamos sobreviver. Agora, depois de quatro ou cinco dias, você pode ver o chão, até o fundo do jardim. Nós vamos nos acomodar. Obviamente já não existem carros, motos e memórias materiais mas existe a possibilidade de trabalhar e trabalhamos. A partir da próxima semana também retomarei meus compromissos com o FMI, com o Projeto Juventude na Católica. Esta semana ainda temos de fazer o portão de ida e volta. O Santerno de Sant’Agata esvaziou, mas voltaremos. Vai levar algum tempo, mas vamos consertar tudo.