Jacopo Zizza, durante anos piloto e chefe de equipe do Campeonato Mundial de Endurance, agora comentarista técnico do Eurosport para o FIM EWC, participou no último fim de semana do famoso HAT 2023. Uma competição única, contada em detalhes em seu diário. No espírito de que foi uma verdadeira aventura de paixão pelo motociclismo.
Por Jacopo Zizza
Participar do CHAPÉU? Que aventura!! Não posso deixar de começar por agradecer aos organizadores e ao Nicola Poggio por esta oportunidade, bem como ao Ennio Marchesin por me disponibilizar um SWM Six6 500. Aliás, o que‘é o Chapéu Sanremo-Setriere? HAT significa “Hard Alpi Tor” e é o maior evento de aventura da Europa. É um passeio pelos Alpes da Ligúria e Piemonte, a realizar sem ambição competitiva, mas com a vontade de descobrir caminhos naturais de terra batida, desfrutando de diferentes cenários com a possibilidade de vivenciar a natureza intocada e realidades históricas fascinantes e desconhecidas.
Para a 15ª edição, um total de 530 motos participaram da largada.
Por que participei?
Porque sempre gostei de desafios. Desde que parei de correr em pista, gosto de explorar novos cenários e vivenciar a moto com o puro prazer de desfrutá-la. A ideia de participar já estava na minha cabeça há alguns anos, mas sempre havia algo que me impedia. Com o olhar de quem entra num mundo desconhecido devo dizer que gostei de tudo. A organização: perfeita e sempre presente, pronta para resolver quaisquer questões críticas que surgissem, encontrei todas as características positivas do que li nas edições anteriores.
Começo por dizer que para mim foi a minha estreia num evento deste género e a minha experiência off-road foi mínima. A escolha de participar com a Swm deve-se ao facto de sempre querer participar em eventos com as marcas Varese. É sabido que na minha cidade existem muitas realidades importantes, cuja história às vezes só precisa de ser sacudida.
Ao entrar no paddock, mesmo não conhecendo ninguém, tive a ideia de que não estava sozinho. Talvez seja porque a minha Swm era uma mosca branca entre todas as motos especializadas ou aquelas com estradas de terra no seu ADN. Quantas pessoas vieram olhar com curiosidade… Acho que fomos a dupla mais “legal ou improvável” do paddock, principalmente pela inscrição na categoria extremo 1000!
Saí às 23h do sábado e com o Marco e o Alessandro, dois caras que conheci na hora, nos unimos. Nos aventuramos pelo percurso, a responsabilidade recaiu sobre eles em facilitar minha vida seguindo os rastros do navegador e esperando por mim. Andar no mato, no escuro, com uma moto desconhecida e dois anos depois dos meus últimos quilómetros na estrada de terra estava tudo por descobrir. Tive que desbloquear novamente o mapa na minha cabeça, principalmente para não dirigir com muita tensão e economizar energia. Alguns metros e a cabeça já estava certa. Revivei muitas memórias de corridas no escuro, com o jogo das luzes dos faróis daqueles atrás de você borrando as linhas. Que magia!
Descansar? Depois da noite sem dormir, com mini coffee breaks pelo caminho, fomos dormir às 8h por uma hora no meio do mato. Na segunda noite, juntamente com outros participantes, dormimos num parque de estacionamento da empresa disponibilizado. Tão cansado que ninguém reclamou da dureza do asfalto.
O que me resta desta aventura?
A beleza das paisagens, o cheiro da vegetação rasteira temperada de cansaço, aquela satisfação que senti ao apreciar o nascer do sol perdido algures nos Alpes Marítimos, por ter merecido aqueles primeiros raios de sol, que levaram a um novo dia de esforço, de partilha e sorri.
Crédito da foto Marco Cappelli
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