Na Riviera Romagna, os motores são um verdadeiro modo de vida. A isto acrescentamos a memória sempre viva de Marco Simoncelli, que deu nome ao circuito de Misano, mas não só. São muitas as memórias, entre gestos concretos e aqueles contados oralmente por quem conheceu pessoalmente esta jovem promessa italiana, já campeã de 250cc e em início de carreira no MotoGP. Mas você já viu os capacetes que Simoncelli nunca usou? Maurizio Ottaviani, segunda geração da empresa Ottaviani Infissi de Riccione, agora nas mãos de seu filho Roberto, conhece Paolo Simoncelli há mais de 30 anos. Ele tem um verdadeiro museu de memórias, incluindo estes dois capacetes particulares, que nos mostrou.
O museu das memórias
Na Romagna é raro encontrar alguém que não tenha nada a ver com o mundo dos motores. Maurizio Ottaviani, nascido em 1955, não foge à regra. Desde criança seu pai o levava para conhecer a Mototemporada Romagnola, competições de grande sucesso realizadas entre 1945 e 1971. Foi uma série de corridas de motocicletas de primavera realizadas nos circuitos urbanos da costa e interior da Romagna. Verdadeira instituição da época, não há campeão que não tenha marcado presença nestas provas, muito apreciadas pelo público local. Na verdade, na casa de Ottaviani encontramos imagens da época de Giacomo Agostini, Renzo Pasolini, Angelo Bergamonti, Otello Buscherini… E mencionamos apenas alguns garotos italianos da época. Levaria tempo para descrever tudo, mas vamos nos concentrar no Simoncellis: um conhecido de longa data.
O encontro com Simoncelli
Ottaviani nunca pensou em ser piloto em tempo integral, mas é um entusiasta do turismo de moto. Segundo o relatório, foram muitos e muitos quilómetros de moto, chegando por exemplo à Ilha de Man ou à América, sem esquecer a viagem a Lourdes juntamente, entre outros, com o antigo pároco de Misano. “Conhecemos Paolo Simoncelli há cerca de 30 anos. Estávamos ambos no grupo Mototurismo do Motoclub Città di Riccione” ele disse a Corsedimoto. Um conhecido que se tornou numa amizade sólida com o passar do tempo: por exemplo, em 2019, Simoncelli, fundador da equipa SIC58, teve-o como convidado no hat-trick Japão-Austrália-Malásia no Mundial. Nessas ocasiões, Ottaviani aproveitou para oferecer algumas vezes jantar à seleção italiana, sem que eles percebessem. Um aspecto importante para entender a continuação dessa história, mas vamos em ordem cronológica.

O capacete do Rally Monza 2011
Marco Simoncelli, uma vez terminada a temporada de MotoGP, deveria ter experimentado as quatro rodas, sempre um desafio fascinante para um motociclista. Especificamente, Simoncelli deveria ter participado no Rally de Monza, agendado para o fim de semana de 25 a 27 de Novembro de 2011. Como sabemos, o acidente fatal no GP da Malásia em Sepang ocorreu no dia 23 de Outubro do mesmo ano… “Foram feitos dois capacetes: um está em posse de Paolo [Simoncelli]o outro ficou com Davide Degli Innocenti, que retocou o capacete” explicou Ottaviani. Ele e seu amigo fotógrafo Valter Magatti conseguiram pegá-lo emprestado de Degli Innocenti para um evento com o Riccione Motoclub, e depois pediram uma cópia exata para guardar como lembrança. “Demoramos dois anos para encontrar o mesmo modelo, outros dois para fazê-lo: em 2017 nos entregaram os capacetes” ele disse, mostrando-nos o resultado.
Capacete de Simoncelli para o MotoGP 2012
Há um segundo capacete especial na coleção pessoal de Maurizio Ottaviani (na foto da capa). Estamos falando do que Marco Simoncelli deveria ter usado na temporada de MotoGP de 2012. Como foi parar nas mãos dele? Tudo começa com um jantar. “Encontramo-nos em La Pineta em Riccione, durante o Grande Prémio de Misano” disse Ottaviani. É 16 de setembro de 2021: além dos caras escalados no MotoGP, incluindo o wild card Harrison Voight, estavam também os pilotos do CEV. Mais uma vez, Maurizio Ottaviani oferece jantar à equipe, mas alguém percebe. “Eles devem ter contado a Rossella [mamma di Marco Simoncelli, moglie di Paolo]. Na semana seguinte ela apareceu na empresa deixando esse capacete” Ottaviani explicou com um toque de emoção. Só mais tarde ele entendeu que capacete era: ainda sem patrocinador, mas a cor era exatamente aquela que o piloto da Romagna deveria ter usado na temporada 2012 da MotoGP.
A memória de Simoncelli
Muitos detalhes lembram este jovem piloto inesquecível, uma das vítimas de um belo mas terrível esporte. Na estrada que nos leva à rota da Romagna existe um monumento dedicado a Marco Simoncelli, mas também foram emitidos selos e moedas em sua memória. Existe uma Fundação em seu nome, que começou com um centro para crianças deficientes com o nome de Simoncelli na República Dominicana em 2013, e atualmente está muito ativa no setor social, em particular na ajuda a crianças com deficiência. Não esqueçamos a equipa que se estreou no CIV, depois passou para o CEV e depois entrou também no MotoGP. Na Ottaviani, no ‘museu pessoal’ repleto de memórias de muitos pilotos, também não faltam gadgets, capacetes, reproduções das motos pilotadas por Simoncelli, autocolantes e assim por diante. Isso, mais as lembranças de quem o conheceu pessoalmente. Uma história da Romagna, mas não só isso, uma história daquelas motos ainda capazes de emocionar.
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