Superado o impasse substancial (com fila de discussões) vivido no sábado, a 54ª edição do Grande Prémio de Motociclismo de Macau, a primeira após a paragem de dois anos devido à emergência pandémica, decorreu com regularidade, reservando uma corrida”arrancada” de apenas 8 voltas, mas cheio de emoções. Não menos importante, com tantas histórias para contar e, principalmente, sem registrar nenhum acidente. Numa disputa intensa, o prognóstico da véspera foi integralmente respeitado com o sucesso de Erno Kostamo. O “finlandês voador” escreve seu nome no rol de honra ao lado de campeões mundiais como Kevin Schwantz e Carl Fogarty, estrelas comprovadas do automobilismo como Michael Rutter, John McGuinness, Peter Hickman e Steve Hislop, tudo na conclusão de uma corrida para o sucesso que começou a muito tempo atrás.
ERNO KOSTAMO MATTATORE EM MACAU
Na verdade, Kostamo, aos comandos do BMW S 1000 RR nº 38 com calçados Pirelli da equipe Penz13 de Rico Penzkofer, estabeleceu-se como a estrela do desempenho. No comando de todos os treinos, autor da pole position, só deixou alguma esperança aos adversários logo nas primeiras voltas. Graças a uma largada não propriamente empolgante (3º na Curva do Reservatório), Erno teve de esperar pela terceira volta para ultrapassar o então líder Sheridan Morais na Melco Hairpin, fugindo posteriormente nas etapas finais. Não sem correr alguns riscos: testemunhe o louco, assustador restolho na conclusão da 4ª volta em plena Curva R!. Uma emoção a que se seguiu um notável 2m27″493, assinado na sexta das oito voltas programadas. O seu melhor registo de sempre em Macau, a terceira presença na prova.
CELEBRAR A FINLÂNDIA
Para Erno Kostamo é uma afirmação já na história. O primeiro para um piloto não britânico em 25 anos (o último foi o suíço Andreas Hofmann em 1997), claramente o primeiro para um finlandês. Uma nação que não havia passado de um 3º lugar para Eero Hyvarinen em 1985, edição marcada pelo duelo entre as Honda RS 500 oficiais de Ron Haslam e Didier De Radigues. Do passado com Ajo na CEV 125, Kostamo torna-se assim um herói na sua terra natal, trazendo de volta a tradição do motociclismo na Finlândia que inclui nomes sonantes como o próprio Eero Hyvarinen, Mika Kallio, o contemporâneo Niki Tuuli e, no offroad , Tommi Ahvala, Juha Salminen e Mauno Hermunen. Além, claro, do inesquecível e inesquecível Jarno Saarinen: o mais forte de todos.
SUCESSO DEPOIS DE DOIS ANTERIORES PARA ESQUECER
Kostamo vence na sua terceira presença em Macau, depois de dois precedentes para esquecer. Como estrela do IRRC, estreou-se em 2018 e, em 2019, esteve entre os pilotos envolvidos num dos dois acidentes. Um estrondo com uma lesão a reboque, deixado para trás com este sucesso merecido, varrendo com sua volta referências até mesmo as (legítimas) observações sobre a ausência de grandes nomes como Hickman e Rutter.
DOIS RECÉM-CHEGADOS NO PÓDIO EM MACAU
Se os melhores pilotos de estrada recusaram o convite, não querendo (não podendo) cumprir 7 dias de quarentena no hotel, os 14 à partida honraram o seu compromisso da melhor forma possível. E David Datzer, com o BMW MTP às vezes capaz de preocupar Kostamo, terminando em segundo e comemorando… como vencedor em parque fechado. O Vice-Campeão do IRRC 2022 tornou-se protagonista de um fim-de-semana para recordar, discurso semelhante para Sheridan Morais. O sul-africano (durante anos com licença portuguesa) com formação em Superbike e Supersport estreou-se em Macau com progressos contínuos ronda após ronda. Líder nas 3 primeiras voltas, com a Honda Penz13 deu o comando das operações ao Melco Hairpin, antecipando este um abrandamento presumivelmente desencadeado por um contacto próximo do terceiro tipo com uma ave que saía da Serra dos Mouros. Por ‘shezDe qualquer forma, mantém-se a terceira posição, que vale o terceiro pódio este ano em três grandes clássicos do motociclismo. De fato, o segundo lugar anterior nas 200 milhas de Daytona e, o mais tardar em setembro passado, a colocação semelhante no Bol d’Or deve ser lembrado.
NADIEH SCHOOTS NELLA STORIA
Com Lukas Maurer em quarto à frente de Rob Hodson e com o ex MotoE André Pires em sétimo, Nadieh Schoots também completou a corrida. O holandês de 31 anos tornou-se assim, em 54 edições, no primeiro motociclista a ser admitido à largada, corrida e chegada do Grande Prémio de Motociclismo de Macau. Para alguém terá sido (com elementos objetivos no sufrágio) uma edição”in tono minore“, mas não sem o encanto, a emoção do Circuito da Guia. Aprimorado pelas histórias de Nadieh Schoots e um Erno Kostamo que coroa o sonho de uma vida…
Grande Prémio de Motos de Macau 54ª Edição
Classificação da corrida
1- Erno Kostamo – Penz13 – BMW S 1000 RR – 8 Giri
2- David Datzer – MTP Racing by Penz13 – BMW S 1000 RR – + 8.262
3- Sheridan Morais – SYNTAINICS by Penz13 – Honda CBR 1000RR-R SP – + 10.836
4- Lukas Maurer – Maurer Racing by Penz13 – Kawasaki ZX-10R – + 21.240
5- Robert Hodgson – Dafabet Racing – Kawasaki ZX-10RR – + 27.168
6- Julian Trummer – WH Racing powered by Dynobike – Yamaha YZF-R1 – + 27.494
7- André Pires – AP Racing Team – Honda CBR 1000RR-R SP – + 45.355
8- Paul Williams – Paul Potch Racing – Suzuki GSX-R 1000 – + 50.107
9- Raul Torras – Toll Racing Team com Optimark – Honda CBR 1000RR-R SP – + 53.510
10- Joey Thompsn – Heattech Racing – BMW S 1000 RR – + 1’03.991
11- Laurent Hoffmann – Hoffmann MRP by Penz13 – BMW S 1000 RR – + 1’23.148
12- Nadieh Schoots – Rebel Racing – Kawasaki ZX-10RR – + 1’30.591