Scott Redding venceu sua batalha: o limite de peso combinado moto-piloto em Superbike será definido. A questão está suspensa há décadas, mas antes só se falava no limite referente às motocicletas. Muitas vezes com tons ásperos e ameaças de desistência, principalmente quando (muitas vezes…) a Ducati superava a concorrência. Como em 1991, quando o 888, com a vantagem de sua cilindrada (1000 cilindros duplos contra 750 dos quatro cilindros japoneses) e seu peso (145 quilos contra 165) venceu todas as corridas, exceto o Canadá, que foi boicotado devido aos perigos do Mosport e Austrália, agora epílogo irrelevante. Nunca antes os pilotos haviam sido colocados na balança. Hoje, porém, basta alguém do porte de Scott Redding (na foto de abertura) reclamar no Instagram da vantagem física intransponível do peso-pena de Álvaro Bautista que a mudança de época começa. Pergunta: Como o lastro será aplicado?
As equipes consideram isso garantido
“Está tudo decidido, já está escrito no regulamento” os executivos de duas equipes importantes nos disseram. Na ausência de anúncios oficiais sobre a espinhosa questão da Federmoto Internazionale e/ou Dorna WorldSBK, fomos vasculhar o denso livreto amarelo (352 páginas!) dos regulamentos técnicos, na edição atualizada em 19 de outubro. A questão do “peso limite” da Superbike é tratada no artigo 2.4.4: o valor atual é de 168 quilos, para cada tipo de moto, independentemente da configuração técnica. Seguem seis parágrafos, que definem os diversos casos, como a possibilidade de utilização do lastro a critério do Comissário Técnico para equilibrar o desempenho. Uma medida que, até ao momento, nunca foi aplicada ao nosso conhecimento, dado que para o balanceamento intervimos no limite de rotações do motor e nas “peças de concessão”. No final do artigo há uma única linha, em negrito, que diz: Proposta 2024 – Peso combinado da moto e do piloto. Nada mais: o pessoal da Superbike pode esperar.
Então, como vai?
Uma única linha, tão lacônica, é um pouco pouco para afirmar que “a mudança já está prevista no regulamento”. Mas se as equipes de ponta estão tão confiantes, é claro que a medida já teve aval “extraoficial” do MSMA (órgão dos fabricantes envolvidos nas corridas) e da Superbike Commission, ou seja, a estrutura que, além do MSMA, A Dorna também faz parte. Você pode adivinhar como foi. A Ducati hoje tem um piloto muito leve (Bautista) que tem 38 anos e tem apenas um ano de contrato. É fácil que em 2024 já pendurou o capacete, senão veremos. Entretanto, a marca italiana conseguiu um aumento de 10% no “price cap”, que passará assim de 40.000 para 44.000 euros, permitindo a homologação da evolução ’23 do Panigale V4 R de estrada.
Do ut des
Então: você me dá uma coisa e eu te dou outra, essa é a lógica do motociclismo moderno, onde o regulamento não é mais feito pelo corpo esportivo, como seria lógico, mas pelos próprios competidores. Houve quem pressionasse até ao último minuto para que a regra do peso motociclista vigorasse já no próximo Campeonato do Mundo (obviamente: BMW…) estudo para definir os valores e o método de implementação. Definir a aplicabilidade desta regra será tudo menos óbvio
Quando lastro eu coloco você?
Bautista pesa 58 quilos, Redding 78, então dançam uns bons 20 quilos de diferença. Assumindo que não será possível aliviar as Superbikes, porque os custos aumentariam, o método de balanceamento será aplicar o lastro nas motos penas. Entre outras coisas, Alvarito não é o único, até Phillip Ottl (outro piloto da Ducati…) pesa os mesmos 58 quilos. Segundo alguns técnicos, a extensão do peso adicional não pode passar de dez quilos. O excesso de lastro pode alterar o comportamento de um veículo projetado para pesar os atuais 168 quilos. Mesmo adicionando 10 quilos de lastro à Ducati, os superleves Bautista e Ottl ainda manteriam uma vantagem de peso considerável sobre gigantes como Redding.
Epílogo
Conhecendo as nossas galinhas, já se pode prever que o “regras de implementação” do peso combinado do motociclista desencadeará profusão de dissertações técnicas. Até que, talvez, o comissário da FIM, Scott Smart, resolva a questão, eles liberam outro de seus incríveis algoritmos. O que, aconselhamos, não deve levar em conta apenas o peso vazio do piloto. Mas também o tamanho dos pequenos-almoços, as várias perdas líquidas antes da partida, etc. Felizmente, os pilotos de hoje não bebem, porque na época de Fogarty e Corser, as bebidas dos pubs locais também teriam que ser incluídas no algoritmo. Melhor rir disso, certo?
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Foto: Instagram