Nos últimos cinco anos do Campeonato Mundial de Endurance FIM EWC, ano após ano, houve revoluções contínuas no que diz respeito às equipes de ponta da especialidade. As corridas de motocicletas de enduro definitivamente entraram em uma nova era, com o “Grandes Antigos”(de Dominique Meliand para baixo) que claramente teve que lidar com a idade. Por isso, mas não só, também com vista a 2023 assistimos a mais uma revolução, desta vez com tonalidades verde. Gilles Stafler há muito comunicou seu firme desejo de desfrutar de uma merecida aposentadoria, deixando assim a caixa em branco “Equipe de fábrica Kawasaki“. Após uma longa negociação, a transferência para a japonesa TRICKSTAR foi comunicada apenas no dia 3 de fevereiro. No ápice de uma gestação verdadeiramente infinita.
GILLES STAFLER: UMA VIDA NO FIM EWC
O ranzinza Gilles Stafler dedicou sua vida ao Endurance. Ou melhor: o FIM EWC sempre foi a sua vida. Basta dizer que sua esposa Isabelle a conheceu logo nos campos de competição em 1988: na época enfermeira, largou tudo para acompanhar o marido em suas diversas atividades, tornando-se elemento essencial da Equipe SRC na parte administrativa. Originalmente Diretor Técnico da Kawasaki France Team das maravilhas e sucessos contínuos dos anos 90, no final de 2008 Stafler assumiu o comando da equipe de referência de Akashi no Endurance. Primeiro sob a bandeira GSR, depois como Team SRC, conquistando o título mundial 2018/2019, 4 Bol d’Or e 6 edições das 24 Horas de Le Mans.
A ESCOLHA DE SAIR
Já no final de 2021, Gilles Stafler comunicou às pessoas mais próximas a ele a firme decisão de que 2022 seria seu último ano no FIM EWC. Pesaram as despedidas de alguns pontos firmes da equipe (por último, mas não menos importante, o confiável engenheiro Bernard’Bernie‘ Lecour, que se aposentou), as dificuldades objetivas do período, inclusive o que viveu em primeira mão no verão de 2020, onde arriscou um infarto. Os médicos o aconselharam a não seguir as 24 Horas de Le Mans, a única corrida a que não pôde comparecer em todos esses anos. Apesar deste convite, como mais tarde admitiu, no final conseguiu de alguma forma manter-se constantemente atualizado sobre o andamento das últimas horas da corrida.
PAIXÃO
A resistência é assim: se ela te agarra, ela se torna parte de você. A “apaixonado” que convenceu Gilles Stafler a seguir em frente em 2021 e para mais uma temporada de 2022, motivado pelo novo projeto técnico: correr com a última versão do ZX-10RR, adotar a eletrônica Marelli etc. Exceto pelo pódio no Bol d’Or, uma temporada que não foi nada memorável, com alguns contratempos não dignos do Team SRC. Ele queria sair com uma nota alta e, pelo menos, o champanhe saboreado em Paul Ricard foi a melhor maneira de dizer adeus ao FIM EWC.
A NEGOCIAÇÃO INFINITA
Uma cerimônia de despedida de Gilles Stafler do FIM EWC aconteceu no Bol d’Or 2022, mas na verdade as negociações para o “Depois” já havia começado abundantemente. A notícia, embora os diretamente envolvidos tentassem mantê-la confidencial, já era de domínio público, assim como o fato de que o papel de “Equipe de fábrica Kawasaki” apelou para muitos. Em especial a duas equipes já envolvidas no Endurance com a Kawasaki: Tati Team e Louit Moto. O primeiro contou com a parceria de longa data com Akira, com o pódio (2º) conquistado nas 24 Horas de Spa e ainda com Leon Haslam no Bol d’Or. No que diz respeito ao Team 33, tendo representado o “equipe júnior” da SRC já era um bom cartão de visita por si só. No entanto, foi precisamente no Bol d’Or que começaram a surgir os primeiros rumores de que a TRICKSTAR estava pronta para substituir a SRC.
AS PRIMEIRAS INDISCREÇÕES NO FIM EWC PADDOCK
Não apenas os chamados rumores: a solução TRICKSTAR já era a mais viável. Veja-se que no passado dia 25 de Outubro publicámos com absoluta certeza que a equipa nipónica seria a nova realidade Kawasaki do EWC. De qualquer forma, muitos detalhes ficaram para serem arquivados e questões a serem resolvidas para este acordo histórico, deixando as equipes “concorrentes” para planejar 2023 de maneira diferente. A Tati Team continuará de fato como uma estrutura privada da Kawasaki com o ZX-10RR # 4 confiado a Gregory Leblanc, Hugo Clere e Baptiste Guittet. Da mesma forma, o Team 33 Louit Moto continuará na classe Superstock, novamente com uma escalação italiana liderada por Christian Gamarino, acompanhado pelos reconfirmados Kevin Calia e Simone Saltarelli, além de Hugo de Cancellis como reserva.
POR QUE TRICKSTAR?
Surge a pergunta: por que TRICKSTAR? A resposta se resume a muitos fatores. Não estamos falando apenas de uma equipe que está assiduamente envolvida nas 8 Horas de Suzuka e All Japan Superbike desde 2004, mas de uma realidade de sucesso na Terra do Sol Nascente. Fabrica componentes e peças para motocicletas (esportivas e não), o sistema de escapamento IKAZUCHI é um dos mais populares, além disso o proprietário Ryuji Tsuruta tem excelentesligar‘. Ex-piloto oficial da Kawasaki (competiu com a Team GREEN), com a TRICKSTAR sempre encontrou uma forma de obter bons resultados nas 8 horas, contando com prestigiosas parcerias e patrocínios. Tanto para: Webike para Team SRC e como patrocinador do FIM EWC ele mesmo trouxe em 2019. Além disso, o TRICKSTAR Kawasakis vestido com as cores do Neon Genesis EVANGELION fizeram de seu time um dos times mais apreciados e aplaudidos no “corrida das corridas” desde 2010 para esta parte.
LINK COM O PASSADO DE SRC NO EWC FIM
Ryuji Tsuruta trouxe orçamento, pneus Bridgestone e suporte direto da Kawasaki Motor Japan para a mesa. Não apenas a Kawasaki France e a Kawasaki Europe: também diretamente com o Japão, para tornar a nova estrutura uma equipe apoiada diretamente por Akashi. A negociação prolongada serviu para resolver os últimos problemas. A TRICKSTAR manterá a estrutura ex-SRC e grande parte do staff (Thomas Baudry continuará como diretor técnico), intervindo no que faltava. O orçamento será coberto pelos patrocinadores históricos da TRICKSTAR (Webike in primis: o proprietário é um amigo próximo de Tsuruta-San…) e pela Kawasaki com intervenção direta da empresa-mãe. Justamente por isso o time assumirá o nome de “Equipe Kawasaki Webike TRICKSTAR“. Como pode ser visto,”França” não está mais presente.
CAVALEIROS 2023
As negociações foram um pouco demoradas, tanto que Tsuruta e Keisuke Nakajima (que cuidará da parte esportiva na pista) por três vezes no último período foram à França para acertar tudo. Os problemas que surgiram deixaram a escolha dos pilotos quase em segundo plano, decidida apenas no último minuto. TRICKSTAR queria um japonês, identificado em Kazuki Watanabe, ex-funcionário da Kawasaki e com Yoshimura Suzuki nas últimas temporadas. Randy De Puniet e um dos seus patrocinadores (HYPE Energy) manter-se-ão com a novidade representada por Christophe Ponsson, a quem RDP treinou na sua recente experiência no Campeonato do Mundo de Superbike.
CONSERVADO #11
A Ninja ZX-10RR calçada com Bridgestone da KWT (Kawasaki Webike TRICKSTAR) não será vestida com as cores EVANGELION (presumivelmente nem mais nas 8 Horas de Suzuka: com RUN’A o acordo expirou no final de 2022), mas em o clássico Akashi. Também manterá o número 11, não apenas em número de SRCs, mas também em sucessos da Kawasaki France nos anos 90. Como sinal de continuidade, mesmo sendo mais uma revolução colorida Todo o Japão. Depois de FCC TSR e Yoshimura, fala-se cada vez mais japonês no Campeonato Mundial de Endurance, não só em Suzuka…