(nos últimos 6 anos, Bradley Ray viveu todas as fases de uma carreira (completa) como piloto. Altos, baixos, luzes, sombras, passando de estar muito perto de deixar o motociclismo, até um 2022 triunfal culminando em a conquista do título britânico de Superbike. Nesse período, em algum momento, “Telespalla“Tinha até sido o nome mais falado entre os talentos emergentes da produção de derivativos, só para se perder um pouco na estrada. Escolhas infelizes, casamentos que não deram certo, retornando aquele tão amado (admirado) Brad Ray em 2018 apenas nesta temporada. Uma montanha-russa que nos devolveu não mais apenas uma promessa, mas um campeão do BSB. Além disso, com uma perspectiva global.
ROTA TODA subida PARA BRADLEY RAY
“Não importa quando você chega, mas como você chega“, Diz uma grande máxima. Na verdade, segue totalmente o identikit esportivo de Bradley Ray. Nascido em 1997 em Ashford, ele agora figura como um veterano do motociclismo apesar dos (apenas) 25 anos de idade, os últimos 6 anos passados no BSB. No campeonato nacional de Superbike mais competitivo e espetacular do planeta, Brad #28 encontrou sua dimensão. Ou melhor: o palco propício para mostrar seu talento. Na verdade, salvando sua carreira.
PROMESSA DE MOTOCICLETA
Bradley Ray havia se estabelecido entre os pilotos capazes de brilhar mais em algumas das temporadas mais competitivas de sempre da Red Bull MotoGP Rookies Cup. Na época ainda muito difícil, várias vezes bem além dos limites, mas não por isso não merecer um chance mundial. Por várias razões (econômicas, até mesmo “políticas”), ele nunca teve essa oportunidade. Chegou mesmo a tentar relançar-se no CEV Moto3, encontrando depois em Stefano Caracchi e no projecto Vyrus uma acomodação no Moto2, mesmo quando ninguém acreditava nele. Outros de seus colegas poderiam jogar em eventos mundiais, ele nada disso.
RISCO DE PARAR
Como último recurso, ele retornou à sua terra natal para tentar um caminho entre os derivados da série. Coisas boas entre os 600, mas não parecia suficiente. Tanto que, no final de 2016, pensou seriamente em desistir. Até então sua carreira era financiada exclusivamente por sua família, de origem humilde. Seu pai Kevin, que ainda segura a placa de sinalização da parede do poço para ele, é um pedreiro em sua vida cotidiana. Brad # 28 o ajudou com o trabalho de construção para sobreviver, até oferecendo uma mão para sua mãe que administrava um pub. Motociclismo, você sabe, é um esporte caro (muito caro) e, com todas as avaliações do caso, não fazia mais sentido continuar. Até uma chamada inesperada.
A ESTREIA NA SUPERBIKE BRITÂNICA
Para o novo projeto Suzuki BSB, a equipe Hawk/Buildbase precisava de um jovem piloto na plataforma de lançamento para treinar, confiando-lhe uma terceira GSX-R 1000 para a temporada de 2017.Gixxer“Acabou bem no Brad Ray. Com um contrato anual, é verdade”última chance“. Convencendo e indo bem, caso contrário ele teria acabado trabalhando como pedreiro 24 horas por dia, 7 dias por semana, como seu pai. Não havia mais dinheiro, mas havia (finalmente) uma chance. Em meio ao ceticismo geral, Bradley aproveitou ao máximo. Como estreante, em 2017 chegou mesmo ao pódio e, no geral, estabeleceu-se como o melhor piloto Suzuki do campeonato, mesmo à custa do Campeão do Mundo Sylvain Guintoli. Ganhando a reconfirmação para 2018 e seguindo em frente para se tornar um piloto profissional em todos os aspectos. Um grande alívio para ele e, não menos importante, para o pai Kev e toda a sua família.
A EXPLOSÃO DE 2018
Nesse 2018, Bradley Ray tornou-se “Telespalla“E foi… uma ira de Deus na pista! Pronto para usar, duplo em Donington Park. Outros pódios, outras poles, ele se classificou para o Showdown com apenas 21 anos, entrando nas boas graças da Suzuki. A convocação para as 8 Horas de Suzuka com Yoshimura e um teste-teste com a GSX-RR MotoGP testemunharam o interesse que Hamamatsu tinha por Brad. Nele vislumbraram um personagem e um “futuro Kevin Schwantz“. Mas algo deu errado.
ESCOLHAS INFELIZES
A crise técnica da equipe Buildbase Suzuki durante a temporada de 2019 afastou Ray da empresa-mãe. Ele não aguentava mais. Para dar um exemplo, em Cadwell Park ele se classificou na primeira fila, mas nem participou da Corrida 1 devido a um problema técnico encontrado na volta de reconhecimento. Para isso decidiu abraçar a causa BMW TAS Racing para 2020. Uma parceria que, trivialmente, não deu certo. Em pouco tempo, passou do nome de talento emergente nº 1 no circo de Superbike, para o esquecimento.
CONFIE NO SEU PRÓPRIO MEIO
Para relançar, ele passou do que deveria ser a referência BMW do BSB para uma equipe privada, a equipe OMG Racing. Um bom primeiro ano com uma BMW privada, jogando todo este ano para mudar para uma Yamaha R1 competitiva, compatível com seu estilo de pilotagem. Neste 2022, novamente, “Telespalla” foi questionado em todos os aspectos. Seu único pensamento era vencer e ouvir os conselhos de seu mentor e empresário Shane Byrne, que está tentando encontrar um lugar para ele no campeonato mundial. Sem outras distrações: deixou a namorada histórica, era piloto profissional na rodada 24 horas por dia, 7 dias por semana, na pista, nos treinos, sempre. Conquistar aquele título há muito perseguido, com uma convicção de princípio expressa em voz alta no sucesso pós-campeonato: “Eu só tinha que acreditar em mim mesmo, pois toda a equipe acreditou em mim“.
BRADLEY RAY: E ORA?
Recuperando a confiança, o motociclismo encontrou ‘aquilo’ que Bradley Ray admirava em 2018. Com mais experiência e maior consciência. Um talento emergente que se tornou campeão do BSB, com todos os motivos para reivindicar um lugar no campeonato mundial. Uma chance que talvez terá ou, alternativamente, terá que fazer fila. Não é um problema para ele: ele possui alternativas (também importantes do ponto de vista econômico) na Superbike britânica e até na MotoAmerica. Com serenidade, ele pode olhar para o futuro. Por outro lado, para aqueles que arriscaram bater no fundo de um ponto de vista puramente esportivo e profissional, o caminho agora é ladeira abaixo. Ainda mais se com o #1 como Campeão 2022 e com a promessa de talento cumprida: com fatos e resultados.