As mulheres sempre lutaram no mundo do automobilismo, mas já em 1975, uma piloto feminina conseguiu marcar meio ponto na Fórmula 1. Maria Grazia “Lella” Lombardiu foi a mulher que revolucionou tudo. No polêmico GP da Espanha de 1975, ele conseguiu um empreendimento titânico, se quisermos, que introduziu uma grande mudança. Ontem não foi como hoje, foi muito difícil para as mulheres se emanciparem neste mundo, mas se você tivesse talento você emergia mesmo assim. Hoje é diferente, graças também ao empenho da Liberty Media que criou a F1 Academy, um campeonato feminino. Portanto, é correto lembrar quem abriu as portas das cotas femininas no mundo das quatro rodas.
Lella Lombardi da pequena vila para conquistar um sonho
Lella Lombardi nasceu e cresceu em Frugarolo, uma pequena cidade italiana com menos de 2 mil habitantes na província de Alexandria. Terceira filha de uma família de açougueiros, Lella entendeu imediatamente que sua vida não era atrás de um balcão, mas sim dentro de um monolugar. No entanto, sua paixão era cara e, como todo mundo na época, sem uma família rica por trás, você tinha que se sustentar para correr. Lombardi ajudou assim os negócios da família e com o que ganhou foi competir em corridas de kart. Em 1970 a menina conquistou o campeonato de Fórmula 850. Esse triunfo marcou o início de sua ascensão, tanto que no ano seguinte conquistou a Fórmula Ford. As portas da Fórmula 1 se abriram para Lella Lombardi em 20 de julho de 1974 no circuito britânico Brands Hatch com o Brabham BT42. Uma experiência que a viu correr pelo circuito inglês apenas na sexta-feira, já que não conseguiu se classificar para as eliminatórias.
Em 1975, a verdadeira temporada de estreia na Fórmula 1
Em 1975, Lella participou de 12 corridas do Campeonato Mundial de Fórmula 1 com March. No dia 27 de abril daquele ano, aconteceu o habitual GP da Espanha no circuito de Barcelona. Não o de agora, mas um rodoviário construído na colina de Montjuic, a poucos passos do centro. Já na sexta-feira viu os pilotos convencidos a boicotar o evento, por falta de segurança. O protesto foi interrompido quando os organizadores decidiram alterar as barreiras de segurança, então a corrida seguiu em frente. Lombardi qualificou-se no sábado com o 24º tempo na penúltima fila. O dia seguinte ao teste foi um verdadeiro desastre, com os pilotos permanecendo 6 dos 26 na largada após apenas 29 voltas. a corrida foi interrompida na 29ª volta, devido ao acidente de Rolf Stommelen. Após bater na barreira, seu Morro foi parar na arquibancada, matando 5 espectadores. A bandeira vermelha e a vitória foram para Jochen Mass com a McLaren naquela que é a única vitória do alemão na Fórmula 1. Lella Lombardi, que permaneceu na corrida contra todas as expectativas, ficou em sexto lugar e marcou os primeiros pontos, ou seja, meio ponto. Meio ponto, porque a prova, não tendo percorrido 2/3 da prova, apenas entregou metade dos pontos disponíveis.
Esse meio ponto levou cada vez mais meninas a competir
Lella Lombardi até o momento é a única mulher a marcar pontos na Fórmula 1 e também a segunda garota a participar de uma corrida do campeonato. A primeira foi Maria Teresa De Filippi na década de 1950. De Filippi correu três corridas no campeonato de carros de topo, enquanto Lombardi correu 12. Resumindo, Lella foi a mulher que mostrou ao mundo que as meninas também podiam correr na F1, mesmo sendo a última. No entanto, ele continuou a correr mesmo depois da experiência no campeonato mais importante. Nos últimos anos o número de meninas participantes de campeonatos de Kart cresceu exponencialmente. Isso levou a Liberty Media a criar um campeonato mundial exclusivamente feminino.
Aliás, em 2023, a empresa americana criou o campeonato F1 Academy que envolve todas as equipas do campeonato principal. No ano passado o título foi para a espanhola Marta Garcia que corre para defender o título este ano. O campeonato cresceu em 2024 e já realizou a primeira prova na Arábia Saudita no âmbito do fim de semana de Fórmula 1. É verdade que não estamos perante uma viragem de época, a viragem seria ver novamente uma mulher no campeonato de topo e não em um limitado onde você corre com Fórmula 4.
A história de Lella Lombardi nos ensina que…
O nível no momento ainda é muito diferente, mesmo que na IndyCar já tenha acontecido de uma garota vencer uma corrida no campeonato dos EUA. Danica Patrick, aliás, venceu a etapa de Motegi da série Stars and Stripes em 2008 com a Honda do Team Andretti. Porém, os carros da Indy são muito mais manejáveis que os da Fórmula 1, então é mais fácil que isso aconteça novamente. Porém, a história de Lella Lombardi nos ensina que as mulheres também podem ter uma palavra a dizer nos principais campeonatos automotivos e quem sabe, talvez chegue uma mulher da Academia de F1 para reescrever a história. Lella morreu em 3 de março de 1992, com apenas 51 anos, devido ao câncer. Hoje é seu aniversário de 83 anos e Lella, onde quer que esteja, vai querer apagar as velas sonhando com uma mulher de volta à Fórmula 1.
FOTO: Fórmula 1 social