O MotoGP lança este ano uma novidade marcante: a introdução da corrida de sprint às 15h00 de sábado. Cada um dos 21 GPs do calendário terá, assim, um suculento aperitivo, oferecendo aos fãs a oportunidade de desfrutar de um espectáculo extra numa época que contará com 42 desafios. Desde o momento do anúncio, entre pilotos e chefes de equipe, os contrários superaram em muito os favoráveis. Mas não é de admirar.
Revolução? Sim obrigado!
O motociclismo é um esporte de conservadores, as inovações quase sempre foram retratadas como desastres iminentes, apenas para mudar de opinião diante dos fatos. O caso mais sensacional foi a adoção do monopneu que Maurizio Flammini decidiu em 2003 para salvar o Mundial de Superbike, refém dos especialistas em pneus. A céu aberto, durante meses se falou que o campeonato ia morrer, o paddock estava 90% contra. Os fabricantes japoneses desistiram em massa, deixando a Ducati no ano seguinte para correr praticamente sozinha. Como foi é história: posteriormente, o único fornecedor é uma das chaves para o sucesso da Superbike e posteriormente também foi adotado pela F1 e MotoGP. Hoje é percebido em todos os lugares como normalidade absoluta. O mesmo acontecerá para a corrida de velocidade.
Chega de conversa
Fazer 42 corridas em vez de 21 (o que já seria muito…) aumenta o coeficiente de dificuldade, adiciona variáveis e riscos. Assim, como consequência, aumenta o interesse do público pelo circuito mas sobretudo a oferta das TVs. Os milhões que a Dorna arrecada com os direitos televisivos mantêm tudo funcionando. Se a audiência cair, o valor cai e todo o sistema entra em crise. A categoria de ponta hoje em dia não tem pilotos carismáticos e cativantes como Valentino Rossi, Casey Stoner ou Jorge Lorenzo. A única verdadeira estrela sobrevivente é Marc Marquez, mas quem sabe se o vencedor da série voltará, aproximando ainda mais o público em geral da MotoGP. Uma injeção de adrenalina era absolutamente necessária, e a Dorna achou bem, a exemplo da Superbike, que a corrida de sprint adotou em 2019, e sobretudo da F1. Até nos carros, a braçada curta já havia despertado resmungos, mas depois das experiências 21-22, em apenas três GPs, este ano passará para seis.
O público vai gostar
Com a introdução da corrida de velocidade, cada um dos três dias de cada fim de semana oferecerá veredictos. Faltam duas sessões para sexta-feira, mas os dez admitidos para o Q2 sairão do combinado, fase decisiva do treino classificatório, que fica no sábado e decidirá a escalação do GP. A corrida adicional terá largada às 15h, na metade da distância do GP, ou seja, cerca de 20 minutos de show. Não valerá para a definição do grid do GP, ao contrário da Superpole Race em Superbike, mas atribuirá pontos muito pesados: 12 para o primeiro, 9 para o segundo, sete para o terceiro e assim por diante até um ponto para o nono classificado. Com 252 pontos em disputa, fator “corrida de velocidade” terá uma importância capital no desafio Mundial. Assim haverá não só mais acção, mas mais vencedores e sobretudo mais vencidos, em benefício do interesse geral. Do nosso ponto de vista de entusiastas, não há contra-indicações. É um problema para os pilotos e as equipes? Muito bem, é precisamente isso que nos atrai.
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