A Honda, a maior fabricante de motocicletas do mundo, está no final da tabela de fabricantes de MotoGP e não há sinais de desaceleração do declínio. A chegada do ex-Suzuki Ken Kawauchi como diretor técnico também teve como objetivo agilizar a comunicação entre a equipe na pista e a base no Japão. Em vez disso, os técnicos do Sol Nascente ainda relutam em mudar e na aerodinâmica estão claramente atrás das marcas europeias.
As raízes da crise da Honda
Uma crise que tem uma raiz dupla. A primeira remonta ao tempo da pandemia, com as fábricas japonesas a serem mais afetadas pelas restrições do que as europeias. Basta dizer que até o Grande Prêmio de Motegi, em setembro passado, era necessário um visto especial para entrar no país. A segunda à longa ausência de Marc Márquez após a lesão em julho de 2020, que coincidiu no tempo com a primeira. Acrescente-se a isto os evidentes progressos da Ducati, Aprilia e KTM, com a fabricante emiliana a dominar o pelotão não só em termos de prestações mas também em termos de números com oito protótipos em pista.
A Honda parece saber dar a volta à situação, mas não parece querer fazer as mudanças necessárias para uma melhoria efetiva: apostar na congénere europeia e contratar figuras-chave da competição. As decisões de nível operacional são tomadas pela equipe de liderança do HRC, liderada por Koji Watanabe, o presidente, e articulada por meio de Shinichi Kokubu, diretor técnico, e Testuhiro Kuwata, diretor do HRC. Este triunvirato deve permitir o uso de especialistas no assunto em áreas onde a Honda RC213V fica aquém de outros protótipos, começando pela aerodinâmica. Agora o fundo do poço foi atingido, com três pilotos lesionados e Marc Márquez que ainda não cruzou a linha de chegada em uma corrida de domingo em 2023. Inevitavelmente, crescem os rumores de sua possível despedida antecipada do Golden Wing, mesmo que isso aconteça. não seja nada fácil.
A evolução do protótipo do MotoGP
Taka Nakagami está a correr a sua sexta temporada de MotoGP aos comandos da RC213V e é o único piloto da HRC que não se lesionou este ano. Sua versão da crise da marca vem de dentro: tudo teria mudado no início do ano passado. “A moto de 2022 foi uma mudança completa de conceito“, conta ‘Mundo Deportivo’. “De repente tudo mudou: a aderência atrás, as sensações à frente… tudo ficou diferente. O maior problema é que não conseguimos aproveitar toda a experiência acumulada ao longo dos anos“. Quando surgiam problemas de configuração, cada piloto tinha que cuidar de si mesmo com sua própria equipe.
Uma situação que levou o engenheiro responsável pelo projeto do MotoGP a dar liberdade a cada piloto para desenvolver a sua própria moto de forma independente. A partir daqui veio a confusão total…”Sim, os quatro pilotos tinham chassis diferentes e seguiram diferentes estratégias de desenvolvimento. Cada capataz aplicou ideias diferentes – enfatizou Nakagami –. Não podíamos compartilhar dados, nem mesmo ideias, porque cada um dos quatro tinha o seu“.
Foto: Box Repsol