Depois de dois zeros, Ivan Ortola literalmente enlouqueceu. A primeira aguda chegou a Austin, mas o jovem espanhol do Angeluss MTA não esperou muito para conceder o bis. De facto, no GP de Jerez, duas semanas depois da ronda texana, Ortola conseguiu mais uma corrida obra-prima, dando a si e à equipa italiana o segundo triunfo na Moto3. Mas onde pode e quer ir? Depois de quatro corridas não faz sentido fazer prognósticos mundiais, mas certamente Ortola se desbloqueou, não só para o pódio como até para a vitória. Para já, pode sorrir: com 50 pontos nas duas últimas corridas, voltou a subir ao 3.º lugar do campeonato do mundo, a 9 pontos do líder Holgado e a -5 de Moreira, 2.º.
Ortola, está nascendo uma estrela?
“Ivan você é assustador”. Palavra de Alessandro Tonucci, que já a define há algum tempo “um talento louco” e que agora está curtindo esse jovem nascido em 2004 (19 anos em agosto próximo) que está ajudando a crescer do CEV. Vamos começar por aquele campeonato, ante-sala do mundial, em que ele se destacou muito. Primeiro no biênio ETC com a Aspar Team, somando uma pole, três vitórias e oito pódios no total, vice-campeão na estreia em 2019 e 4º em 2020. Em 2021, na estreia na Moto3, a história começa com equipe MTA: duas poles e sete pódios que valem o vice-campeonato da categoria! Uma parceria que continua na hora do salto mundial, um grande passo tanto para o piloto quanto para a equipe de Tonucci. A sensação é de que o potencial do pódio já existia em 2022, mas nem todas as peças do quebra-cabeça se encaixaram e o compromisso foi adiado. A renovação chegou com a mesma equipe, então o staff e as motos não mudam. Mas agora temos que olhar para o pódio!
2023, o começo: do zero ao herói
A saída, porém, não é de sorte. Em Portimão uma penalização por contacto com outro piloto complica a corrida, a vontade de recuperar leva-o a um acidente e a desistir. Na Argentina a chuva estraga a festa de todos, inclusive Ortola, que comete um erro e fecha os pontos. O desastre parecia estar a um passo ainda no início da etapa em Austin, mas tudo se resolveu num incrível “acto de circo”, uma reviravolta selvagem e a primeira boa vitória! Chegamos a Jerez: Ortola faz um bom desempenho ao longo do fim-de-semana, com uma primeira fila empatada, mas os pontos são conquistados na corrida. Desta vez não há problemas na largada e o porta-estandarte da MTA é desde logo um dos pilotos a bater. A batalha está acirrada, mas um flash de vitória é suficiente para levar mais um sucesso e Ortola joga melhor na final. É um final assustador, mas bastam aqueles 34 milésimos e é festa de novo!
Ortola: “Pés no chão e vamos continuar”
“Tive dificuldades nas travagens, mas tive velocidade nas curvas e também consegui aproveitar bem as correntes de ar” Ivan Ortola disse ao motogp.com no final do 4º GP do ano. Enfatizando imediatamente que “Tenho que agradecer muito a equipe, a moto estava uma loucura!” Como referido, uma corrida protagonista desde o início, desta vez sem tropeços na largada, mas sem perder a batalha acirrada que já é típica da Moto3. Até o final, quando a corrida é decidida. “Na última volta estávamos todos no limite” Ortola admitiu. “Mas tive uma oportunidade na curva, fui rápido e sabia que podia ultrapassar, então fiz!” Segunda sensacional vitória mundial, já mencionada que valem 50 pontos e terceiro lugar na classificação geral. É hora de pensar grande? “Pés no chão, é só a quarta corrida” é a resposta. “Continuamos a trabalhar como temos feito até agora, veremos no meio do campeonato quais são as nossas opções.”
Foto: Social-Ivan Ortola