A maldição de Marc Márquez continua e também esta temporada de MotoGP começa com subidas e em nome das lesões. Depois das quatro operações ao úmero direito, os dois casos de diplopia, agora a fractura do primeiro metacarpo da mão direita que lhe está a custar mais do que o estimado. Obviamente não há condições para arriscar e a lição de Jerez ficou bem gravada na memória do campeão. Mas quanto custa a Honda…
Marc Marquez… fim do feitiço
Até 2019 era considerado um gato com sete vidas, capaz de cair sem se machucar. Ele havia se tornado uma estrela de duas rodas pela coragem de ir até o limite e além, um equilibrista destemido que estudou o traçado da pista deslizando quase de propósito. Na prática, ele se esforçou para entender cada segredo do circuito, uma estratégia de corrida maluca que lhe permitiu conquistar seis títulos de MotoGP em sete anos. Desde sua estreia em 2013 até o dramático acidente em Jerez em 19 de julho de 2020, ele registrou 121 acidentes, 163 até o momento.
Seu sonho nunca muito escondido era igualar os nove títulos mundiais de Valentino Rossi, o único verdadeiro rival que na era moderna ainda consegue se manter à frente dele nos anais do motociclismo. Na última década, Marc Márquez não teve rivais, pelo menos até quebrar o braço. O campeonato de MotoGP de 2023 era para ser o ano da redenção, do épico retorno da lenda, mas desta vez também ele provavelmente terá que se despedir de suas esperanças de campeão. Nada é impossível ao campeão cerverense, mas também será preciso perceber que tipo de sentimento poderá estabelecer com a sua Honda RC-V, de onde saiu após a primeira corrida em Portimão.
Regresso a Le Mans com 7 pontos na classificação
A vitória de Alex Rins em Austin não significa o fim dos problemas técnicos, mas agora o verdadeiro ponto de interrogação continua sendo Marc Márquez. O retorno ao Texas parecia óbvio, certamente em Jerez, porém, dr. Roger de Oña e a equipe do Hospital Ruber Internacional de Madri desaconselharam o risco. “Ontem fizemos outra tomografia“, lê-se no comunicado de imprensa divulgado na quarta-feira, 26 de abril. “E foi confirmado que, embora a lesão esteja progredindo favoravelmente, o osso ainda não cicatrizou e correr é arriscado.“.
Próxima esperança em Le Mans em duas semanas, sua presença no paddock de Jerez é provável, também para fins comerciais. Antecipando tempos melhores na pista, junto com seu empresário Jaime Martinez eles estão tentando pelo menos manter a imagem e o centro de gravidade financeiro alto. O cancelamento da etapa no Cazaquistão certamente não joga a seu favor, nas contas são 37 pontos potenciais a menos e sua classificação segue firme em 7. O tempo está se esgotando e logo também a paciência da alta direção da Honda que tem adiar para 2024 a corrida ao título mundial. A essa altura já pode ser tarde demais para avaliar o que fazer no futuro e os jogos de mercado já feitos.
O futuro no MotoGP é desconhecido
A HRC espera ouvir mais desenvolvimentos de Alex Rins e apostar nele para o futuro. Com um salário certamente não tão gigantesco quanto o de Marc Marquez, cerca de 15 milhões de euros por ano, para um total de 60 milhões no final do contrato de quatro anos. Alberto Puig certamente não fez uma manobra sábia que também teve que lidar com a má sorte, embora em um esporte como o MotoGP o inesperado esteja sempre ao virar da esquina e nenhum piloto tenha sucesso eterno.
Como recordam os motociclistas de certa idade, na segunda metade dos anos 80 Freddie Spencer foi obrigado a assinar um contrato por pontos devido a demasiadas ausências. Após o bicampeonato em 1985, tornou-se um ausente crônico, também devido à síndrome do compartimento do punho, cuja existência era desconhecida na época. Até a mudança para outro fabricante que o colocou no final da carreira. Um roteiro que até Marc Márquez corre o risco de recitar. De fato, nesse ritmo, será difícil encontrar uma marca vencedora com a qual tentar a redenção após o longo parêntese Honda.
Foto: Facebook Marc Marquez