Marc Márquez concluiu o último dia de testes de MotoGP em Sepang no décimo lugar, atrás do irmão Alex. O estado de saúde do braço é excelente, mas a Honda RC213V está longe das expectativas pós-Valência. As mudanças ocorridas no organograma da equipe demoram para trazer resultados e corre-se o risco de a paciência pular de um momento para o outro. A diferença em relação ao topo é de sete décimos e com uma moto semelhante será impossível atacar as Ducati para subir ao pódio.
Honda na pista sem asas
Stefan Bradl continuou em turnê até domingo, embora seu retorno à Europa estivesse marcado para o final do Shakedown. No dia-3, o piloto de testes alemão e Marc Márquez até entraram em pista sem asas, aparentemente as novas configurações aerodinâmicas não trazem as vantagens esperadas. Recordamos o que aconteceu no ano passado em Sachsenring, quando os engenheiros reduziram a carenagem da Honda a tal ponto que causou queimaduras nos pilotos. O múltiplo campeão de Cervera não soube explicar por que saiu na pista sem asas. “Não sei, não foi ideia minha. Disseram-me: ‘Agora tens de experimentar isto’. De fato, teria sido o caso de montar pneus novos. Mas depois tive que andar sem flaps… fiz e depois dei meu comentário sobre isso“.
Marc Márquez dá o alarme
A HRC concluiu os três primeiros dos cinco dias de testes disponíveis para tentar se aproximar dos rivais. Nenhum progresso foi feito em comparação com a última saída em 8 de novembro em Valência. Na box da Repsol Honda começa a soar o alarme, afinal nem Joan Mir, Alex Rins e Takaaki Nakagami conseguem expressar-se da melhor forma. “Precisamos de uma reação, precisamos de mais. Tentámos muito aqui, mas esta não é uma moto vencedora. Sinceramente, estou mais feliz com a minha condição física do que com a moto”, comentou um lapidário Marc Marquez. Tente mostrar um sorriso frio, duas temporadas de MotoGP pela frente com a Honda, libertar-se mais cedo não será tão fácil quanto parece.
Sem progresso desde 2022
No teste de Sepang, o piloto de Cervera teve de recolher uma grande quantidade de dados para os engenheiros coordenados pelo novo diretor técnico Ken Kawauchi. Daqui para a próxima prova do Irta em Portimão falta menos de um mês, cedo demais para fazer milagres. Neste momento a RC213V precisa de uma verdadeira revolução e não de pequenas mudanças, a impressão é que ainda não há um ponto de partida para escolher em que direção seguir. A moto de 2023 não tem nada melhor que a do ano passado. “Não há diferenças em relação a 2022“, acrescentou Marc Márquez. “Domingo à tarde só testei uma moto. Decidi que esta é a direção que devemos seguir, mas não é uma moto que possamos usar para vencer o campeonato mundial“.
Em Portugal não poderão dar-se ao luxo de levar três motos às boxes, estando apenas disponíveis dois dias de testes de MotoGP, os últimos antes do início do Campeonato do Mundo. “Não há muita diferença em comparação com a moto usada em Valência, temos os mesmos problemas de antes. Agora chegou a hora de resolver esses problemas, mas não sei como. Eu apenas dou meus comentários“.
Foto em Walter Magatti